Não sabia de onde o seu amigo buscava as drogas, e agradecia por não saber. Desta maneira saia desta facilmente. Bastava mandar para o lixo aquele a quem chamava amigo.
- Tiago! – Matilde chamou na esperança que ele saísse da varanda de seu quarto- Filho? Já comeste alguma coisa?- Perguntou assim que o viu.
- Sai do meu quarto Mulher, não quero-te aqui. – Respondeu grosseiro.
- Quarto é seu, mas a casa é minha, minha - Repreendeu. - Estou preocupada! Quase nem comes, o que se passa? – Questionou ferida e histérica.
Tiago suspirou e ignorou-a como se nem tivesse ouvido.
– Tu vás comer a bem ou mal, se não aceitares sais da minha casa, pois ela não é um museu onde ficam coisas mortas! – Disse fazendo referência ao estado físico de seu único herdeiro.
Sua mãe esforçava-se para saber o que realmente estava a acontecendo com ele. Mas tinha dificuldades, nunca foi tão presente e nem amiga. Tentava, mas não conseguia. Era a menina que o tirava das ruas, que o repreendia, repentinamente desapareceu daquela casa levando a alegria com ela. Há tempos que já não via seu filho nem estudando, nem fazendo confusão, simplesmente nada. Ele simplesmente estava ali, porém invisível, comportava-se como se não existisse. Saía pela manhã com uma mochila e voltava a noite, mas os cadernos e livros continuavam no mesmo sítio, em casa, por baixo da cama. O bom é que já não ouvia falar de Tony, o que deixava-a um pouco mais tranquila. Suspeitava que era talvez excesso de álcool ou alguma depressão, alguma coisa análoga, mas negava o que suspeitava, pois ela nunca daria a luz a um filho que se perdesse no mundo. Um filho doente. E de maneira nenhuma envolveria médicos. Certamente que é o amor pela amiga. Pois ela desapareceu. O que ele precisava era conhecer novas pessoas.
Pegou no prato de sopa e colocou ao lado dele. Nem sequer um olhar trocaram, ele estava noutro mundo. E sua mãe nunca tinha saído do dela.
- Vou viajar durante um mês, querido. - avisou - Sei que não queres falar comigo e que gritei contigo. Mas amo-te muito - disse apercebendo-se da ausência de reacções vindas dele - Deixei muitas comidas feitas na geladeira para te alimentares - avisou-o acalmando os ânimos.
- Vai, foge. É o que sabes fazer. – respondeu frio e trêmulo fazendo escorrer uma lágrima dos olhos de sua mãe.
- Eu não sei o que queres de mim filho? Dou-te tudo, tens tudo que sempre quiseste, todo o sucesso que tenho é por ti. – Falou soluçando.
Tiago gargalhou, espalhando a sua ironia e desprezo pelas palavras citadas. Como se o sucesso dela muda-se alguma coisa. Talvez se não lhe fosse dado tudo que desejava as coisas seriam diferentes.
- Deus, o que eu fiz de errado? – sentou-se, fraca , lamentando. Ela era mãe e o amava de verdade, mas não era fácil para ela demonstrar o seu amor pelo filho. Não tinha ainda se apercebido que não era de coisas que o filho precisava mas sim dela.
- Por favor, por favor… diz-me o que faço – Perguntou ainda sentada na beira da com os olhos fixos na sombra de seu filho Aguardando alguma reação, algum sinal. Alguma coisa.
Em fim Tiago saiu daquela varanda. Ouvir sua mãe daquele jeito nunca foi seu plano, mas contudo ele precisava que ela demonstra-se seu amor, ele queria saber que alguém o amava. Entrou para o quarto onde estava sua mãe. Ajoelhou-se, parecia um velho pela maneira que movimentava-se, e deu um beijo sobre o cabelo de Matilde.
- Vá embora. – Respondeu ferindo a mãe.
Lembrou-se de como era tão divertido ter a casa para ele. Claro , ele nunca estava sozinho, Mia encarregava-se de enche-la de alegria que parecia que a casa sempre estava cheia dela. Pois desta vez estava mesmo sozinho. Seu pai nem sequer se importava. Nem mesmo ficava tempo suficiente para ver alguma mudança, nele ou na casa.
Voltou para varanda, observava as pessoas que passavam pela vizinhança. Era incrível como duas pessoas que vivem na mesma rua nunca cruzavam-se quando o caminho é quase o mesmo. Colocou seu auscultadores, pegou seu cigarro, enquanto ouvia o motor do veículo de sua mãe ligar e sair da garagem. Seguia com os olhos onde o automóvel ia numa velocidade abaixo da média quando os seus olhos viram o que desejava,Mia.
Estava sorridente, radiante, bela, feliz e usava o vestido que ele tinha oferecido. Acenava à Matilde. Sua mãe fez questão de ir ter com ela. Verificou que abria a janela para permitir que Mia falasse. Riam as duas, e gesticulavam como se conversassem algo meramente sério. Finalmente arrancou. Mia dava costas a casa dele e observava Matilde desaparecer. Ele sabia que ela tinha a certeza que estava naquela varanda. Sua mãe provavelmente contou. Tiago quis gritar pelo nome dela, pegou o cigarro e atirou ao chão, levantou-se daquela cadeira quando ela vira-se para varanda permitindo o contacto visual. Não diziam nada. Estáticos os dois estavam. Observavam-se sem se quer sorrir, chorar ou acenar. Simplesmente comunicavam-se pelo olhar. Lembrou-se que estava com um aspecto horrível que o colocou tímido. Em questão de um segundo entulhou-se no quarto deixando-a observar a varanda vazia.
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Olá pessoal, tudo bem com vocês?
Leitores fiéis e fantasmas beijão para Vocês.
Gostaram do Capítulo?
Sim! Oh que bom :) Kkkk
Bom final de semana
Peço desculpa pelo atraso a comentar. A escola só me deixa vir ler capítulos aos fins de semana. Triste vida :(
ResponderEliminarParabéns pela nota 7! É a prova de que não sou só eu a gostar da história.
Quanto aos capítulos: Adorei os dois. Tenho pena do Tiago. Gosto muito dele. Acho que já estão fartas de ler que eu não gosto do Diego. Gostei deste último capítulo mas achei muito triste. Não que seja mau mas deixou-me um pouco triste.
Postem logo.
Bjs :)
Obrigada Diana. A nota 7 foi um bom começo, mas irémos melhorar para ser mais confortável a leitura. Hahahah até que o Diego não é assim tão sem graça. obrigada por te preocupares tanto :)
Eliminarele é muito frio com a mãe dele, é o que acontece quando se vive longe dos filhos
ResponderEliminarÉ...
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